Geração Ansiedade

É possível assumir o controle e ter uma vida mais equilibrada.
Por Leonardo Costa
A “geração ansiedade” é um termo que vem sendo usado para descrever jovens e adultos da era digital, especialmente os nascidos a partir dos anos 1990, que enfrentam níveis crescentes de ansiedade e estresse. Especialistas atribuem esse fenômeno a uma combinação de fatores sociais, culturais e tecnológicos.
O livro iGen, de Dra. Jean Twenge, analisa o comportamento, os valores e a saúde mental da geração nascida entre 1995 e 2012, um grupo fortemente impactado pelo advento do smartphone e das redes sociais. Twenge descreve essa geração como a primeira que passou toda a adolescência na era digital e destaca várias tendências preocupantes.
Um deles é o aumento nos índices de ansiedade e depressão, que começaram a subir significativamente em torno de 2012, coincidindo com a popularização dos smartphones. Estudos ainda afirmam que os jovens dessa geração estão mais propensos a relatar sintomas de distúrbios psicológicos, como sentimento de tristeza intensa e desesperança.
IMPACTO DAS REDES SOCIAIS
As redes sociais promovem uma cultura de comparação, onde os indivíduos são frequentemente expostos a versões idealizadas da vida de outras pessoas, levando a sentimentos de inadequação.
A exposição constante a notícias, tendências e debates intensifica o sentimento de estar “ficando para trás” ou a necessidade de estar sempre atualizado atua na sobrecarga de informações.
Além disso, a sobrecarga de informações que caracteriza a era digital intensifica o fenômeno conhecido como FOMO (Fear of Missing Out, ou medo de estar perdendo algo). Estar constantemente conectado significa ser bombardeado por eventos, oportunidades e tendências, criando a sensação de que nunca se é suficiente ou de que sempre há algo importante acontecendo que está escapando ao seu alcance. Esse estado de alerta constante pode ser mentalmente exaustivo, gerando níveis significativos de ansiedade.
BONS SONHOS
Outro aspecto destacado por especialistas é o efeito do uso excessivo de telas na qualidade do sono. A exposição prolongada à luz azul dos dispositivos digitais interfere no ciclo natural do sono, dificultando o descanso e piorando o humor e a capacidade de concentração ao longo do dia. Isso cria um ciclo vicioso, já que indivíduos cansados tendem a buscar distração ou alívio no próprio dispositivo que está causando o problema.
PARADOXO
No entanto, a era digital não é apenas vilã. Ela também trouxe uma maior conscientização sobre saúde mental. O debate sobre ansiedade e depressão, antes tabu, ganhou espaço nas redes sociais e na sociedade em geral. Jovens têm usado essas plataformas para compartilhar experiências, buscar apoio
e encontrar recursos para lidar com suas dificuldades. Ferramentas como meditação guiada, aplicativos de autocuidado e discussões abertas sobre terapia estão cada vez mais acessíveis, indicando que as soluções também podem vir do mesmo ambiente que causa os desafios.
BEM-ESTAR EMOCIONAL
Mindfulness e meditação são práticas que ajudam a reduzir o estresse, melhorar o foco e aumentar a sensação de calma. Como escrever diariamente sobre coisas pelas quais se é grato pode ajudar a mudar a perspectiva e valorizar aspectos positivos da vida. Já com a resiliência emocional é possível encarar os desafios como oportunidades de aprendizado e crescimento que fortalece a capacidade de lidar com adversidades.
AJUDA PROFISSIONAL
Na Psicoterapia é possível encontrar terapias como a cognitivo-comportamental (TCC) que são especialmente eficazes para tratar ansiedade, ajudando a identificar padrões de pensamento negativos e substituí-los por perspectivas mais saudáveis. Em casos de ansiedade severa, medicamentos e acompanhamento psiquiátrico podem ser necessários como parte do tratamento.
EQUILÍBRIO
Ainda assim, especialistas como a Dra. Jean Twenge, autora de iGen, apontam que é essencial estabelecer limites saudáveis com a tecnologia. Trocar parte do tempo online por atividades presenciais e experiências ao ar livre pode ser um passo significativo para recuperar o equilíbrio emocional.
Lutar contra o desenvolvimento da ansiedade exige uma abordagem multifacetada, que englobe desde mudanças nos hábitos diários até a promoção de um ambiente social mais acolhedor e equilibrado.
- Limite o uso de redes sociais e dispositivos digitais: Estabeleça limites de tempo, crie períodos de desconexão e pratique o consumo
- consciente;
- Priorize interações sociais: fortaleça relações reais, desenvolva hobbies offline;
- Adote hábitos saudáveis: Pratique exercícios físicos, cuide da alimentação e promova um sono de qualidade;
- Construir um ambiente social mais saudável: Reduza a cultura da comparação e fomente discussões sobre saúde mental;
- Valorizar atividades que promovam propósito e significado: Pratique altruísmo e foque em metas pessoais;
- Estimular a educação emocional desde cedo: eduque sobre gestão de emoções e promova ambientes escolares acolhedores.
Lutar contra a ansiedade não significa eliminá-la completamente, mas sim aprender a gerenciá-la de maneira saudável. O equilíbrio entre o mundo digital e o offline, combinado com cuidados físicos e emocionais, pode transformar a maneira como lidamos com os desafios da vida moderna. A chave é priorizar o autocuidado, valorizar conexões reais e buscar apoio sempre que necessário.
ASSUMA O CONTROLE
A ansiedade pode parecer um desafio constante, mas é possível assumir o controle e construir uma vida mais equilibrada. Pequenas mudanças de hábito, como reduzir o tempo nas redes sociais, priorizar momentos com amigos e familiares e incorporar práticas como exercícios físicos e meditação, podem fazer uma grande diferença.
Lembre-se de que o autocuidado não é um luxo, mas uma necessidade. Desconectar-se das telas para reconectar-se consigo mesmo é um passo essencial para cultivar saúde mental e bem-estar. Comece hoje, com pequenas ações, e transforme sua rotina em um espaço de cuidado e equilíbrio. O seu futuro agradece.