Assédio no trabalho
Denuncia, autocuidado, grupos de apoio, enfrentamento e empoderamento.
Por Leonardo Costa
Muitos ambientes de trabalho ainda são permeados por uma cultura machista que contribui para o assédio sistemático contra as mulheres. Comentários sexistas, piadas de mau gosto e avanços indesejados são apenas algumas das formas pelas quais o assédio se manifesta, criando um ambiente intimidador e desigual para as mulheres que trabalham ou servem nessas instituições.
Ficando ainda mais complicado para quem trabalha nas Forças Armadas ou Segurança Pública, pois a estrutura hierárquica rígida e a predominância masculina em cargos de liderança muitas vezes dificultam a denúncia e perpetuam a impunidade dos agressores.
É importantíssimo reconhecer a gravidade desse problema e implementar medidas eficazes para combatê-lo. Políticas de tolerância zero ao assédio, programas de treinamento sobre igualdade de gênero e processos de denúncia seguros e confidenciais são passos essenciais para criar um ambiente de trabalho seguro e inclusivo para todas as pessoas, independentemente do gênero.
ALGUMAS FORMAS PELAS QUAIS O ASSÉDIO SE MANIFESTA
Comentários e piadas ofensivas: Muitas mulheres enfrentam comentários inapropriados, piadas de cunho sexual ou degradantes feitas por colegas de trabalho ou superiores.
Assédio verbal: Isso pode incluir linguagem vulgar, abordagens sexuais indesejadas ou intimidação verbal.
Assédio físico: Toques inapropriados, avanços sexuais não desejados e outras formas de contato físico invasivo são lamentavelmente comuns.
Assédio psicológico: Pressões psicológicas, intimidação, ostracismo e discriminação podem ser usados para constranger e humilhar as mulheres no ambiente de trabalho.
Assédio sistêmico: Além de comportamentos individuais, o próprio sistema pode ser estruturado de maneira a perpetuar o assédio, com políticas e práticas que favorecem homens em detrimento das mulheres.
Retaliação por denúncias: Muitas vezes, as mulheres que denunciam o assédio enfrentam retaliações, seja na forma de perda de oportunidades de promoção, isolamento social no ambiente de trabalho ou até mesmo represálias físicas.
ACONTECEU! E, AGORA?
Lidar com o impacto psicológico das violências físicas e psicológicas pode ser desafiador, mas há várias estratégias que as mulheres podem adotar para cuidar de sua saúde mental e emocional. É importante que cada mulher encontre as estratégias que melhor se adequem às suas necessidades e circunstâncias individuais.
O importante é buscar apoio, cuidar de si mesma e lembrar que a recuperação do trauma é um processo que requer tempo, paciência e autocuidado. Primeiramente, denuncie! Busque apoio profissional de psicólogos ou psiquiatras para lidar com o trauma.
Participar de grupos de apoio com outras mulheres que passaram por experiência semelhantes pode ser reconfortante e empoderador. Cuide de si mesma, com atividades relaxantes e prazerosas.
Permita-se sentir e expressar as emoções de forma saudável é importante para o processo de cura. É primordial aprender a estabelecer limites saudáveis e a dizer “não” as situações ou pessoas que possam causar mais danos emocionais. Este deve ser um dos focos de processos de psicoterapia para vítimas de abusos.
Aprenda técnicas de enfrentamento como a respiração profunda, a meditação, o relaxamento muscular progressivo e a atenção plena (mindfulness), podem ajudar a reduzir o estresse, a ansiedade e quaisquer sintomas psíquicos que se manifestem após o trauma.
É importante realizar acompanhamento com profissionais de área de saúde mental, buscando uma avaliação detalhada pois cada caso tem suas especificidades.
DENUNCIE!
Central de Atendimento à Mulher
Disque 180
WhatsApp (61) 9610-0180
Ligue 197
Segunda à sexta, das 9h às 17h – Para denúncia de violência doméstica e familiar e/ou solicitação de Medida Protetiva de Urgência.
Polícia Civil
A Secretaria de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (SEPOL) dedica atenção especial ao atendimento de mulheres vítimas de violência doméstica, familiar ou sexual.
Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher:
https://www.policiacivil.rj.gov.br/atendimentoMulherUnidades
AGOSTO LILÁS
O “Agosto Lilás” é uma campanha nacional no Brasil dedicada à conscientização e combate à violência contra a mulher. Essa campanha foi instituída em 2019 e é inspirada na Lei Maria da Penha, que completa 18 anos em agosto de 2024. O nome “Agosto Lilás” faz referência à cor lilás, que simboliza o feminismo e a luta pelos direitos das mulheres.
Durante todo o mês de agosto, são realizadas diversas atividades e ações para sensibilizar a sociedade sobre a importância de prevenir e enfrentar a violência doméstica e familiar contra as mulheres. Isso inclui palestras, debates, eventos culturais, distribuição de materiais informativos, campanhas nas redes sociais e mobilizações comunitárias.
DEPOIMENTOS
ASSÉDIO VERBAL
“Eu trabalhei no Bairro Presente com um policial que me chamava de cebolão, Ana Carolina, Caveirão, que vivia dizendo que era pra eu passar a direção pra ele porque eu não sabia dirigir.”
MF, Policial Militar no RJ.
ASSÉDIO PSICOLÓGICO
“Eu já ouvi várias vezes que eu era cochada porque era boyzinha, independente de trabalhar pra caramba e falar 3 línguas.”
PA, Marinha do Brasil.
ASSÉDIO FÍSICO
“Eu trabalhava com um 1°SGT e ele toda hora passava a mão na minha perna falando alguma coisa na viatura.”
CA, Policial Militar no RJ.
ASSÉDIO VERBAL
“Um sargento fez um curso internacional comigo e me chamou pra e no último dia me ligou a noite dizendo que queria passar a noite comigo. Foi
horrível! […] a pior parte foi ficar me perguntando onde eu podia ter dado a entender que eu tinha algum interesse e cheguei à conclusão que isso nunca aconteceu.”
AQ, Marinha do Brasil.