Medo de Dirigir
Uma fobia mais comum do que se imagina
Por Leonardo Costa
O medo de dirigir, conhecido como amaxofobia, é mais comum do que se imagina, e vai muito além de uma simples insegurança. Para muitos, dirigir representa liberdade. Para outros, um obstáculo emocional carregado de ansiedade, traumas ou cobranças internas. Neste texto, vamos mergulhar nas causas desse medo, entender como ele afeta o dia a dia e, principalmente, conhecer caminhos reais para superá-lo. Essa estrada pode ser mais leve do que parece.
Entender o medo de dirigir é fundamental, especialmente diante dos dados que revelam a dimensão do problema no Brasil. Segundo informações divulgadas pelo Portal do Trânsito, cerca de 2 milhões de brasileiros sofrem com a chamada amaxofobia, o medo intenso de conduzir veículos. Ainda de acordo com a publicação, entre 75% e 90% dessas pessoas são mulheres.
Em um país com mais de 74 milhões de motoristas habilitados, conforme dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o número de pessoas impactadas por esse medo representa um fenômeno social relevante. A leitura sobre o tema se mostra necessária para ampliar a conscientização, reduzir estigmas e incentivar a busca por apoio profissional, promovendo mais autonomia e segurança no trânsito.
POR QUE TEMOS MEDO DE DIRIGIR?
O medo de dirigir pode surgir por diversos motivos, e entender suas causas é o primeiro passo para enfrentá-lo. Em muitos casos, ele está ligado a experiências traumáticas, como acidentes, presenciar situações perigosas no trânsito ou até mesmo ouvir relatos de terceiros. Outras vezes, a origem está na ansiedade generalizada, no perfeccionismo excessivo ou na pressão social, especialmente entre pessoas que se cobram para ter um desempenho impecável em tudo o que fazem.
Além disso, há quem nunca tenha tido uma vivência negativa ao volante, mas ainda assim sofre com a ideia de conduzir um veículo. Nestes casos, o medo pode ser alimentado por pensamentos automáticos negativos, como “não vou dar conta”, “vou causar um acidente” ou “serei julgada por errar”. Esses pensamentos são comuns e podem ser trabalhados.
AFETANDO O DIA A DIA!
As consequências da amaxofobia vão além da simples dificuldade em conduzir um carro. Ela pode impactar diretamente a autonomia da pessoa, limitando suas possibilidades de locomoção, emprego e convivência social. Recusar convites, depender constantemente de caronas ou transporte público e até deixar de aceitar oportunidades de trabalho por não conseguir se deslocar com independência são alguns dos impactos mais frequentes.
Esse medo também pode gerar sentimentos de frustração, vergonha e baixa autoestima, especialmente quando a pessoa se compara a outros que dirigem com naturalidade. Em casos mais intensos, o medo pode evoluir para crises de ansiedade ou pânico diante da simples ideia de pegar a estrada, mesmo em trajetos curtos.
CAMINHOS REAIS PARA SUPERAR ESSE MEDO
A boa notícia é que o medo de dirigir tem solução, e há muitos caminhos possíveis para superá-lo. O mais importante é respeitar seu ritmo e buscar apoio especializado, se necessário. Acompanhamento psicológico com foco em fobias específicas ou terapia cognitivo–comportamental pode ser extremamente eficaz, ajudando a reprogramar pensamentos e comportamentos ligados ao medo.
Outras estratégias incluem:
- Aulas de direção com instrutores especializados em pessoas com medo de dirigir, em autoescolas que já oferecem esse tipo de suporte emocional.
- Exposição gradual, começando com pequenos trajetos em horários e locais mais tranquilos.
- Técnicas de respiração e relaxamento, ajudam a controlar a ansiedade e promover confiança.
- Participação em grupos de apoio ou relatos de superação, que fortalecem o sentimento de pertencimento e mostram que é possível vencer essa dificuldade.
Mais do que simplesmente aprender a dirigir, enfrentar esse medo é um caminho de reconquista da autoconfiança. E, passo a passo, aquilo que parecia impossível pode se transformar em liberdade e autonomia.
10 DICAS PARA AJUDAR A SUPERAR O MEDO DE DIRIGIR
1. Reconheça o medo sem julgamentos
Aceite que o medo de dirigir é real e válido. Negar ou sentir vergonha só atrasa o processo de superação. Encarar o medo com acolhimento é o primeiro passo para enfrentá-lo.
2. Reforce o autoconhecimento emocional
Observe seus gatilhos: em que momentos a ansiedade aumenta? Ao entrar no carro? Ao pensar em vias movimentadas? Isso permite estratégias mais eficazes de enfrentamento.
3. Recomece do início, sem pressa
Volte às bases: sente-se no carro estacionado, ligue o motor, familiarize-se com os comandos. Retomar o contato com o veículo de forma segura ajuda a reconstruir a confiança.
4. Pratique em locais seguros e tranquilos
Comece ruas calmas e horários de pouco movimento. À medida que se sentir mais confortável, vá ampliando os trajetos e os desafios.
5. Celebre cada avanço, por menor que pareça
Conseguiu dirigir até a padaria? Estacionou com menos dificuldade? Cada conquista é uma vitória e deve ser reconhecida. Isso reforça sua autoconfiança.
Identifique a origem do medo
Tente compreender de onde ele vem: um trauma, uma experiência negativa, pressão externa, falta de prática? Saber a causa ajuda a trabalhar o medo de forma mais direcionada.
7. Procure ajuda profissional, se necessário
Psicólogos, especialmente os que atuam com Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), ajudam a reprogramar pensamentos automáticos que alimentam o medo e a ansiedade.
8. Faça aulas com instrutores especializados
Existem autoescolas e profissionais que oferecem aulas para pessoas com medo de dirigir, com abordagem acolhedora e progressiva. Isso pode transformar sua experiência.
8. Use técnicas de respiração e relaxamento
Antes de dirigir, pratique exercícios de respiração profunda, meditação ou escute músicas que acalmem. Isso ajuda a reduzir a tensão e o nervosismo.
10. Tenha paciência e persistência
Superar o medo de dirigir é um processo. Pode haver recaídas ou dias mais difíceis, e tudo bem. O importante é seguir tentando, no seu tempo, com gentileza consigo mesmo.
Lembre-se: Ninguém nasce sabendo dirigir com segurança. Habilidade se constrói, medo se enfrenta, e autonomia se conquista com prática e apoio. Você é capaz!
