Penedo – Um pedacinho da Finlândia em Itatiaia
Por Rebeca Bruno
Penedo é uma colônia finlandesa no Brasil, situada aos pés da serra e cercado por Mata Atlântica, tornou-se um dos mais diferentes destinos turísticos do interior do Rio, entre os estados de Minas Gerais e São Paulo.
Ao contrário do que muita gente pensa, Penedo não é uma cidade, mas sim distrito da cidade de Itatiaia, situada no interior sul do estado do Rio de Janeiro, a 176 km da capital carioca, localizada a 285 km de São Paulo e 448 km de Belo Horizonte. Fundada em 1929 por imigrantes oriundos da Finlândia, as raízes finlandesas seguem vivas por lá, tanto que o centro comercial é conhecido como “Pequena Finlândia”.
As características arquitetônicas daquele país estão por toda parte e fazem de Penedo uma vila encantadora, com muitos atrativos turísticos, gastronômicos, históricos, culturais e ambientais. E, é claro, num lugar aonde tudo remete ao país europeu, não poderia faltar um pequeno lago que separa a “cidade da floresta”.
Penedo é por definição um grande parque ecológico – visto estar inserida no Parque Nacional do Itatiaia – e a maior colônia finlandesa fora do Sul brasileiro. Sua vocação para o turismo fez com que as primeiras pensões completas se transformassem ao longo dos anos numa vasta rede de hotéis, pousadas, restaurantes, lanchonetes, bares e centros comerciais.
O clima é ameno e por estar aos pés da Serra da Mantiqueira possui fauna e flora riquíssimas. O Rio das Pedras nasce no Pico das Agulhas Negras e desce cortando todo o vale de Penedo, formando em seu curso pequenos lagos naturais e cachoeiras incríveis. Prepare-se para ter bastante contato com a natureza!
Para os amantes das flores, a visitação ao Orquidário Orquídeaspenedo, localizado no bairro Jardim Martinelli é uma excelente dica. São diversos tipos de orquídeas, cada uma mais bonita e interessante que a outra. O calendário de atividades da cidade é repleto de atrações que envolvem desde encontro internacional de motociclistas de Penedo a festivais gastronômicos e muito mais.
Cultura finlandesa
As centenas de finlandeses que migraram para Penedo a partir de 1929 eram o reflexo daquela Finlândia dos anos que circundaram sua independência: eram, em sua maioria, camponeses e artesãos pobres, mas cheios de esperança de uma vida digna, melhor e livre das ameaças e dos tormentos da guerra. Ao mesmo tempo, eles vieram para o outro lado do mundo carregando as sementes do respeito à natureza, da livre iniciativa e da reverência às tradições e rituais que simbolizam suas origens e características enquanto povo.
Em Penedo, o sentimento de identidade finlandesa se perpetua através das décadas entre os colonos e seus remanescentes justamente por meio da celebração dos símbolos como o folclore, as danças antigas, o artesanato, as histórias contadas pelos anciãos e sentimentos pátrios. Desde 1993, as dependências do Clube Finlândia abrigam o Museu Finlandês da Dona Eva, onde podem ser vistos alguns utensílios de imigrantes como malas, livros, revistas, tapeçarias e artesanatos que contam a história da colonização. É uma riqueza para quem quiser conhecer mais sobre as questões históricas e culturais do lugar.
Fundado em 1943, o Clube tem grande atuação na preservação da história e das tradições. Dentre muitas atividades e atuações, realiza sempre no primeiro sábado do mês e também nos feriados e datas especiais o seu tradicional baile finlandês. Neste baile foram preservadas as danças que estavam em moda na Finlândia de 1929, quando começou a colônia e outros tipos de danças.
Pequena Finlândia
Numa espécie de vila cercada por muros, com várias casas feitas em madeira, que lembram casas finlandesas está o centro comercial de Penedo. Estas casas são uma variedade de lojas de artesanatos, decoração, doces, chocolates, queijos, pães e pasta de Truta, uma delícia. É basicamente um shopping a céu aberto com as lojas decoradas e superatrativas! Fica na Rua das Velas, 100. Ali é possível encontrar clássicos da gastronomia da cidade como o Sorvete Finlandês e as fábricas de chocolates.
Dentro da Pequena Finlândia, nos fundos da pequena vila, com uma ponte sobre um lago com carpas está a Casa do Papai Noel. Um local pra lá de lúdico. As cores, os objetos, os cômodos, tudo foi pensado nessa temática. É de se encantar com o ambiente! Lá dentro tem, por exemplo, móveis artesanais de estilo finlandês, o escaninho onde o Papai Noel guarda as cartas com pedidos e centenas e chupetas trocadas por brinquedos, além do trenó centenário e do bom velhinho está à disposição o ano inteiro, para tirar fotos.
As cachoeiras
Dentro dos limites do Parque Nacional do Itatiaia, a água brota da terra, cristalina, filtrada pelas entranhas da Mantiqueira, fazendo nascer um curso d’água que ganha volume a cada metro por que se despenca desde o alto da serra, até chegar alta de Penedo já na forma encorpada de um lindo e ancestral ribeirão de águas frias que ora saltam velozes e espumantes sobre as pedras esculpidas lá de cima do Itatiaia em outras eras geológicas, e ora se aquietam em piscinas naturais.
A primeira das várias quedas d’água mais facilmente acessíveis do ribeirão das Pedras, no Alto Penedo, são as Três Bacias, uma sequência de pequenas cachoeiras de pedras lisas onde os mais exibidos escorregam de pé para cair de corpo e alma nas três pequeninas piscinas escavadas na rocha pela água corrente.
Logo abaixo das Três Bacias fica o poção Esmeralda, a mais bela piscina natural de Penedo. Seu nome é assim por causa do hábito de Narciso da mata nativa ciliar, que se debruça sobre o poção para admirar seu próprio reflexo verdejante, e não por causa de qualquer possibilidade sonhada de achar pedras preciosas em seu fundo — devaneio traído pelo mau hábito de chamar o poção Esmeralda pelo nome que dele não é: poço das Esmeraldas.
Ribeirão abaixo está a Cachoeira de Deus, uma das principais cachoeiras do distrito com 15 metros de queda de água e uma piscina natural muito convidativa. A trilha para chegar até lá é simples e você leva apenas 20 minutinhos saindo do centro. Brinca-se em Penedo que a cachoeira de Deus é uma queda d’água convertida. Há duas décadas seu nome era justamente o do outro lado das coisas: cachoeira do Diabo. A redenção veio quando alguns donos de hotéis e pousadas do Alto Penedo deliberaram que aquilo não caía bem, e trataram de pôr a cachoeira no caminho da salvação!!!
O ribeirão despenca-se de uma boa altura pela última vez, nas Três Cachoeiras, que ficam à beira da estrada que leva ao Alto Penedo, e que leva seu nome: estrada das Três Cachoeiras. Depois, ele segue manso seu curso ainda por alguns quilômetros à frente, até desaguar no rio Paraíba do Sul. Outra dica bacana de visitação é o Pico do Penedinho, um mirante de onde se tem uma vista linda da vila de Penedo. Para o acesso, disponível das 9h30 às 12h, é necessário passar na Casa do Chocolate e assinar o termo de responsabilidade, com algumas instruções sobre a subida.
Parque Nacional do Itatiaia
O Parque Nacional do Itatiaia é parada obrigatória do visitante de Penedo. É o parque mais antigo do Brasil, criado pelo decreto Nº 1.713 de 1937, assinado pelo então presidente da República, Getúlio Vargas. Engloba uma área de mais de 28 mil hectares, ou seja, mais de 280 quilômetros quadrados espalhados por dois municípios fluminenses, Itatiaia e Resende, e dois municípios mineiros, Itamonte e Bocaina de Minas.
Segundo o Instituto Chico Mendes e Conservação da Biodiversidade rasileira, o acesso ao Parque tem horários diferenciados. Na parte baixa, o ingresso inicia-se às 08h, om permanência até às 17h. Nas cachoeiras do Complexo do Maromba a permanência é até às 16h. Já na parte alta, o ingresso pode ser feito entre 07h e 14h, com permanência até às 17h. O valor do ingresso vai depender da modalidade do visitante a partir de R$ 17,00 por pessoa. Quem optar por transporte público, irá encontrar ônibus que saem do centro da cidade até o Centro de Visitantes ou até o Portão do Parque Nacional.
A entrada principal é feita por Itatiaia, que dá acesso à parte baixa do parque. É exatamente nessa área que deve se concentrar a sua visita, caso não tenha muito tempo nem disposição para longas caminhadas. O centro de visitantes é uma atração à parte. Não tem brinquedos, nem dispositivos tecnológicos para prender a atenção da criançada, mas a calçada da fauna é muito mais divertida. Afinal, os habitantes locais como jacu, tamanduá, tatu, furão e capivara, dentre tantos outros são as grandes celebridades! Depois a visita continua com muitas fotos de alta qualidade e exibição de animais empalhados.
O Parque é dividido em duas partes: baixa e alta. Na parte baixa estão o Lago Azul, Centro de Visitantes, Complexo Maromba, Três Picos, Pedra da Fundação e o Mirante do Adeus. Na parte baixa estão o Pico das Agulhas Negras, Maciço das Prateleiras, Cachoeira do Aiuruoca, Pedra do Altar, Abrigo Rebouças e Camping. Nestas regiões pode-se fazer caminhadas, banho de cachoeira, ciclismo nas áreas permitidas, escaladas, observação da fauna e montanhismo.
Também são autorizadas pernoites no Abrigo Rebouças, Abrigo Água Branca, camping próximo ao Rebouças e camping selvagem no Abrigo Massena e no Rancho Caído; Muito utilizadas por quem pratica as travessias do Parque, que podem levar de um a dois dias de caminhada, dependendo do ritmo do grupo. As travessias disponíveis são: Ruy Braga, Ruy Braga com Água Branca, Serra Negra e Rancho caído. Todos têm horário para começar e limite de pessoas participantes.
As cachoeiras ficam um pouco acima do centro de visitantes. São cerca de cinco quilômetros. Mas vale a pena (e muito!). Se você tiver disposição, não deixe de conhecer a cachoeira véu da noiva. A trilha é um pouco cansativa e é preciso ir com cuidado para não escorregar em alguns pontos, mas a vista é simplesmente divina!
A curiosidade fica por conta de que o parque não herdou o nome da cidade: Itatiaia foi o nome que se deu apenas no ano de 1949 ao quarto distrito da cidade de Resende, onde ficava a antiga vila de Campo Belo, e só em 1988 o distrito foi desmembrado para se tornar município, o município de Itatiaia. O parque, na verdade, herdou seu nome da antiga Estação Biológica do Itatiaia, área protegida que era responsabilidade do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.