Amor não tem idade

Por Leonardo Costa

Antes de amarmos o outro, precisamos ultrapassar o desafio do amor próprio, se despir da raiva e se munir de afeto, carinho e simplicidade.

Não existe idade certa para o amor. Descontruir o tabu do amor após os 60 anos idade é uma questão de reconhecimento de que a vida não acabou e que não fomos feitos para ficar sozinhos e isolados. O relacionamento pode fazer com que nos sintamos mais vivos, alivia o estresse, diminui o risco de infarto, melhora o sono e ajuda a evitar depressão.

Afastar a solidão é se sentir feliz. Mas, é comum conhecermos pessoas que ainda estão sozinhas, com dificuldade de encontrar alguém que possa complementar a sua história. Seja por opção ou desencontros, é como se um novo relacionamento estivesse ligado a problemas e frustrações.

Ter uma experiência saudável com o outro é poder dividir momentos, alegrias, brincadeiras, diálogos, problemas, angústias e tristezas. Sim, tristeza também, mas tudo com muita gentileza e companheirismo. É reconfortante sabermos que existe alguém que se importa com a gente e que está torcendo pela nossa felicidade.

O amor próprio
Apesar de ser uma via de mão dupla, é preciso se amar primeiro, para que possamos compartilhar este sentimento e recebê-lo de volta. “Se abrace para se sentir e aí sim, abraçar o outro”, orienta a psicóloga Márcia Velasco.

Antes de querermos um amor correspondido, precisamos corresponder ao nosso amor próprio. E, para isto, a necessidade de fortalecer a sua autoestima é essencial e separamos algumas dicas:

• Não dê ouvidos ao que as pessoas falam sobre você.

• Não se compare ao outro, seja a melhor versão de si mesmo.

• Use o que quiser e quando tiver vontade.

• Quando estiver tomando banho, cante.

• Faça uma playlist da sua vida, escute música sempre.

• Se elogie 3 vezes quando estiver na frente do espelho.

• Não deposite a sua felicidade em uma aparência que não é sua.

• Não se limite, coloque em prática os seus desejos.

Seja carinhoso, demostre o seu afeto pelo outro. A vida é uma só e não podemos perder tempo. Aproveitá-la da melhor maneira, intensamente e com amor. Um grande desafio reconhecido por alguns especialistas é a vergonha de expor os sentimentos.

Os desafios
No livro “O Desafio do Amor”, o autor afirma que, “o amor funciona. É o motivador mais poderoso e tem uma profundidade e um significado bem maior que a maioria das pessoas pensam”. De acordo com a sua teoria ele é construído em dois pilares: Paciência e bondade. E, que todas as outras características são uma extensão.

Claro, que, ninguém gosta de ter uma pessoa impaciente ao seu lado, causando lastimavelmente raiva e insensatez. O que pode desgastar uma relação até que chegue ao seu término. O autor afirma que a paciência pode trazer a calma interior tão necessária para responder a todas as questões de forma positiva. Deixando a impaciência e exigência para trás.

A paciência nos torna sábios, não apressa os julgamentos e nos abre para escutar mais o outro. Criando assim, um ambiente tranquilo, respeitador e saudável para as relações. Ela estimula paz e tranquilidade. Ter paciência é escolher controlar as emoções, trazer calma para o lugar agitado, atribulado.

Já a raiva geralmente está relacionada a criar mais problemas. Pode ser o resultado da nossa incapacidade de lidar com as frustrações, frente as expectativas depositadas no outro. É a reação emocional consequente de razões egoístas e tolas. Mas, de onde vem este sentimento egoísta?

Comunicação
Presente em todos os cenários do cotidiano humano, a comunicação ainda é algo que precisamos exercitar. Muitas das vezes ainda não conseguimos dizer o que realmente queremos dizer. E, os conflitos começam a surgir. Marshall Rosemberg, em seu livro “Comunicação Não Violenta”, traz informações úteis que podem ser utilizadas nos relacionamentos cotidianos.

Como isto pode ajudar nos relacionamentos. Segundo o autor, os seres humanos têm necessidades como segurança, confiança, igualdade, consideração, espaço, harmonia, serenidade, aceitação e inclusão, por exemplo. E, que é preciso fazer uma primeira reflexão sobre as necessidades que estão por trás das palavras, que estão levando a pessoa a falar e agir daquela forma.

Segundo Marshall, “por trás de todo comportamento existe uma necessidade. Todo Ato violento é uma expressão trágica de uma necessidade não atendida.” Por exemplo, a briga por encontrar a casa desarrumada no final do dia é a comunicação de que a sua necessidade de descanso não foi atendida. A fala violenta, reflexo da frustração, não transparece a necessidade não atendida e inicia um conflito.

Ter uma experiência saudável com o outro é poder dividir momentos, alegrias, brincadeiras, diálogos, problemas, angústias e tristezas. Sim, tristeza também, mas tudo com muita gentileza e companheirismo.

A comunicação não violenta tem como base quatro pontos essenciais: Não julgar, considerando o ponto de vista do outro; identificar qual a necessidade que não foi suprida; assumir as responsabilidades dos seus sentimentos, que não pertencem ao outro; fazer pedidos, comunique ao outro o que você realmente quer e explique como se sente em relação a isto.

O papel de ouvinte é bem mais simples. Quando você for ouvinte, durante o processo de comunicação na relação, é preciso considerar que a pessoa está apenas expressando uma necessidade não atendida. É aconselhado, com suavidade, mostrar o desejo em compreender o outro e perceber a sua intenção, tornando a conversa mais afetiva e diminuindo os conflitos.

Casal + feliz
Não existe uma fórmula mágica para se manter a felicidade entre os casais. Pois, já vimos que um relacionamento é muito mais que apenas beijos e outras formas de afeto. Segundo especialistas, alguns hábitos podem ajudar a manter a felicidade, como:

Ir pra cama ao mesmo tempo, podendo diminuir a ansiedade ao saber que tem alguém ao seu lado, além de poder dormir de conchinha se gostarem. Traz mais tranquilidade e qualidade ao sono.

Cultivar interesses comuns. Não menospreze a importância das atividades em conjunto. Não é fazer tudo junto o tempo todo e anular o outro, mas cultivar interesses que são exclusivos pra você e que atraia o companheiro ou companheira.

Perdoar e relevar os erros, confiando no aprendizado em conjunto. A confiança é considerada como uma das bases principais de uma relação.

Caia nos braços do seu amor. Dê um forte e prolongado abraço. Transforme-o no seu olá. Trabalhe a memória da sua pele, fortalecendo a afetividade. Além de expressar o quanto sentiu a falta da outra pessoa.

Expresse os seus sentimentos. Diga “eu te amo” e “tenha um bom dia” todas as manhãs. O presente não tem sua preciosidade devidamente reconhecida. E, ao se deitar, deseje “boa noite” com um beijo e carinho.

Medo de Amar
Você já teve medo de amar, devido as suas experiências frustrantes? A psicóloga especialista em relacionamentos Camila D’Ávila Moura, consultora do site de Relacionamento Amor&Classe alerta para o desenvolvimento da filofobia. Os casos de filofobia estão relacionados às experiências e frustrações acumuladas, como o fim de um relacionamento, uma traição.

Em relação a frustração, “a forma como as pessoas lidam com ela é que vai dizer o quanto a experiência ruim vai influenciar nas próximas relações ou não”, afirma a psicóloga. Certas pessoas lidam de forma tranquila, outras não.

É muito importante a pessoa estar conectada a história de vida dela. Primeiro, deve observar suas relações pessoais e perceber em que momento da vida lhe foi tirada uma expectativa. Identificar se essa quebra a impediu de realizar atividades, desenvolver seu papel social por meses ou anos a ponto de não conseguir trabalhar, não se concentrar nos estudos ou não fazer amigos. “Ou no lado amoroso, quando está conhecendo e quer se envolver, mas tem medo e faz sabotagem consigo mesma, impedindo a relação”, destaca a psicóloga.

Não complique
O historiador Leandro Karnal em uma de suas reflexões, apresenta a vida como algo que deve ser baseada em coisas simples. Estar com pessoas que amamos, gostamos. É preciso que ela esteja ligada a coisas pequenas e não épicas. O projeto de vida deve ser aquele planejamento que começa pela manhã, indo até a noite, e se recupera ou não no dia seguinte.

Para que isso aconteça, para que tenhamos novas experiências é preciso se permitir. Viver o presente, sem esquecer e se acorrentar ao passado. A resposta para o sentido da vida é variável. Mas, o momento da maturidade é identificado como positivo para uma visão mais apropriada desta questão.

“Só temos medo de perder, por que nós já nos perdemos. Faça diferente. Sinta o outro com mais plenitude”, finaliza Márcia Velasco.

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