Microverdes

Por Leonardo Costa

Com fácil ciclo de cultivo e sem precisar de muito espaço, eles chamam a atenção pelo sabor, aparência e valor nutricional, proporcionando uma alimentação saudável e orgânica, sem agrotóxicos.

Os microverdes já ganharam a culinária brasileira como novos ingredientes, provendo mais nutrientes e sabores intensos. Adicionados em algumas saladas é possível conseguir pratos com cores vívidas e textura crocante que ajudam na dieta e saúde de toda a família. Aos que procuram expandir e até mesmo melhorar a alimentação saudável e cada vez mais orgânica, o seu consumo e cultivo doméstico é muito prático.

O que são?
Microverdes ou microgreens são considerados plantas recém-nascidas. São hortaliças, ervas e legumes colhidos em um ciclo de cultivo relativamente curto, entre 7 e 21 dias após a germinação, dependendo da espécie. De sabor intenso, podem ser considerados como superalimento devido à alta concentração de nutrientes. Mas, atenção, microverdes não são brotos. Eles passam da fase de broto e já com as primeiras folhas totalmente desenvolvida também não são considerados como baby leaf.

Mini X Micro
Devido aos seus tamanhos é comum o equivoco entre algo micro e mini. Os microverdes são plantas recém-germinadas, no início da sua fase de desenvolvimento, potencialmente diferenciados pelo valor nutritivo. Já os mini são considerados plantas adultas, porém com o tamanho reduzido e o mesmo valor nutritivo. Também são muito utilizados na culinária, como uma alternativa de ornamentação dos pratos, principalmente para cativar as crianças.

Os microverdes são vegetais que têm entre 5 a 10 centímetros das folhas até a raiz. Não devem ser classificados como germinados, pois são colhidos de forma prematura, após a germinação. Neste estágio de crescimento existe uma alta concentração de nutrientes para o desenvolvimento da planta. Colhidos no momento certo, esta concentração, contribui para o sabor acentuado e textura diferenciada.

Até 40x mais nutrientes
Os microverdes podem conter de 4 a 40 vezes mais nutrientes que as plantas adultas, concluíram pesquisadores da University of Maryland College of Agriculture and Natural Resources (AGNR) e the United States Department of Agriculture (USDA). O professor assistente Qing Wang e o estudante Zhenlei Xiao, que participaram do estudo, se atentaram em nutrientes como Vitamina C, E, K e Beta Caroteno, em 25 tipos diferentes de microverdes incluindo coentro, aipo, repolho roxo, manjericão verde e rúcula.

Devido a sua delicadeza, o professor Wang não recomenda o seu cozimento. Os microverdes precisam ser ingeridos in natura, de preferência nas saladas, por cima de cremes e sopas, ou complementando a pasta de algum sanduíche. Eles podem ser armazenados entre dois a cinco dias após a colheita.

Variedades e sabores
Dentre as variedades mais populares, encontramos acelga, agrião, aneto, alho-poró, beterraba, brócolis, cebola, cenoura, chicória, couve, coentro, ervilha, girassol, manjericão, mostarda, rabanete e repolho. Também são espécies muito produzidas e comercializadas pelo mercado internacional. Alguns cereais como arroz, aveia, trigo, milho e até cevada também são cultivados.

Os microverdes podem variar o seu sabor entre neutros, picantes, azedo e levemente amargo. Podendo ser encontrados em mercados e hortifrutis, para o consumo imediato, com uma variedade de cores.

Segundo o Canal do agricultor, o sabor é altamente atrativo. Em entrevista ao Canal, a engenheira agrônoma Albertina Radtke destacou: “Eles têm o sabor das plantas adultas, porém mais concentrados. O microverde de rúcula, por exemplo, é mais picante que a rúcula adulta. O de brócolis é um pouco mais suave, mas tem muito sabor de brócolis. E tem a questão da coloração, que é muito atrativa aos olhos.”

Segundo alguns especialistas da culinária, a rúcula é ótima para finalizar pratos e saladas. O alho-poró e o agrião têm o mesmo gosto, só que mais intenso. A beterraba é mais adocicada e o rabanete bem picante. Já a couve é identificada como um sabor neutro. Além dos pratos, os sabores irão se destacar também nos sucos verdes, que podem ser potencializados com água de coco. Fica perfeito!

Cultivo
A praticidade do seu ciclo de cultivo faz com que os microverdes possam ser plantados em casa, sem o menor problema, incluindo apartamentos com espaços pequenos. Tudo que irá precisar é um pouco de dedicação e local com luz solar indireta. Ao pesquisarmos na internet conseguimos encontrar diversos tipos de kits para a sua produção, mas iremos nos atentar em algo mais simples e prático.

Mais saúde e prevenção
Graças aos antioxidantes, microverdes diminuem o risco de algumas doenças crônicas como diabetes, doença cardíaca, Alzheimer e alguns tipos de câncer. Também são grandes aliados no fortalecimento do sistema imunológico, além de potenciais fontes de vitaminas e ácidos que ajudam o nosso organismo. Brócolis, couve e espinafre, ricos em ácido fólico e vitamina C, se destacam dentre as opções dos vegetais verdes escuros. Vamos semear uma alimentação mais saudável, fresca e orgânica?

O que é preciso para o cultivo?
Materiais
Sementes orgânicas, recipientes com furos, borrifador de água, substrato e tesoura.

Sementes
Utilize sempre as orgânicas, sem agrotóxicos. Escolha de acordo com a sua preferência, ou seja, pense no que gostaria de comer ou experimentar primeiro. É possível cultivar mais de uma espécie ao mesmo tempo e ter um mix de folhas em apenas uma colheita.

Recipientes
Microverdes não precisam de muita profundidade, logo, uma bandeja se torna ideal. Principalmente se você quiser dividir o quadrante do plantio, com mais espécies do mesmo grupo. Também podem ser utilizados jarros, jardineiras ou até mesmo um pote reutilizado.

Borrifador
Escolha um que tenha a opção de abrir ao máximo ângulo de espirro da água, para não desenterrar as sementes durante a primeira semana de irrigação diária. A água não pode mover o substrato.

Substrato
Podemos utilizar húmus, fibra de coco ou outra composição orgânica que esteja acostumado. Se preferir, peça indicação da loja para saber qual o melhor tipo de composição do substrato para o grupo de sementes que irá comprar. Alguns agrônomos indicam o tapete de fibra de coco ou ela em pó, terra ou substrato comum para mudas.

Plantando
Espalhe o substrato uniformemente no recipiente, deixando o nível de um dedo antes da borda, para não fazer sombra na superfície semeada. Escolha e misture o grupo de sementes de acordo com o tamanho do recipiente. Espalhe-as por toda a superfície do substrato. Cubra as sementes com uma camada fina de substrato e irrigue com o borrifador.

Água e Sol
A irrigação deve ser diária, com o borrifador ou pela base da bandeja. Especialmente nos primeiros dias, pois o substrato deve estar sempre úmido. Mas, não encharcado. O recipiente precisa ficar em local bem iluminado, com exposição à luz indireta por até duas horas diárias.

Colheita
O momento de colheita vai depender da espécie, geralmente são cortados entre 6 e 15cm de altura ou o comprimento do dedo indicador. Uma vez cortados, os microverdes não nascem novamente. Então, é hora de preparar o substrato para um novo ciclo de plantio.

ATENÇÃO
1)Podemos usar muito mais sementes do que no plantio normal. Quanto mais sementes, mais germinação e itens coletados. Algumas espécies precisam ter as sementes acordadas, com tempo de imersão em água. Consulte a embalagem das sementes para obter os detalhes.

2) Na embalagem das sementes é possível encontrar as informações mais detalhadas sobre a germinação e colheita. Dependendo da espécie que foi plantada, a germinação poderá ocorrer a partir do 4º dia. Alguns fornecedores já ofertam sementes com a identificação e informações específicas para microverdes que podem ser plantados o ano todo.

Deixe um comentário